Na imagem em que o locutor fala ao interlocutor (a quem mais?) sobre alguém que segundo ele não sabe falar direito, podemos presumir o conceito social da estrutura do discurso, não é porque um sujeito não sabe concordância que este não merece confiança, todavia, esse discurso pode ter sentido e plausibilidade se o interlocutor tiver um pensamento elitista.
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Segundo Fairclough (1992) “Existe uma relação dialética entre o discurso e a estrutura social, havendo, portanto uma relação entre a prática social e a estrutura social, em que a segunda é tanto uma condição para a primeira quanto o efeito dela”.
O discurso contribui para a constituição de todas as dimensões da estrutura social que a moldam e a restringem ou indiretamente: suas normas e convenções, assim como as relações, identidades e instituições que se encontram por trás destas. O discurso é uma prática não apenas de representar o mundo, mas de fazê-lo significar, constituindo e construindo o mundo com base em significados (Fairclough, 1992).
Para explanar a cerca da Pragmática e o significado e os aspectos sociais da estrutura do discurso usaremos os estudos do teórico Norman Fairclough cujo trabalho de pesquisa foca-se sobre o lugar da linguagem nas relações sociais e sobre a linguagem como parte integrante de processos de mudança social. Embora sua grande especialidade seja a Analise Crítica do Discurso sobre a qual Fairclough tem status de fundador, suas analises caem como uma uva ao tema proposto.
A analise do teórico supracitado é abrangente além do necessário, porém nos da margem necessária para perceber o problema da relação entre a linguagem e a cultura, existe nos dias atuais um “boom” que surge a partir das preocupações relacionadas com a comunicação intercultural, que abrangem diversas disciplinas como psicolingüística, etnolingüística, teoria literária, teoria da comunicação e chegando até mesmo às ciências da computação, e como é pressuposto o campo semântico-pragmático faz parte dessa abrangência.
Definimos pragmática como o estudo da língua por oposição ao estudo do sistema da língua, os aspectos sociais ganham nessa abordagem a posição de cultura em suma, e definimos discurso, simplificando-o como “aquilo que é dito”
Radicamos a pragmática no principio que a interpretação de um discurso se dá baseado na informação linguística e em recursos extralinguísticos o que remete ao societal ao cultural que adapta o que dizemos a situação do uso diário da língua.
E utilizando o conceito de que: “dizer” é o “fazer” (Ref. John Austin – Teoria dos atos da fala). Definimos que o discurso transmite informações e é uma forma de agir sobre o interlocutor e sobre o mundo que o cerca.
Portanto o o significado vai variar conforme a estrutura do discurso que leva em conta além do sentido literal elementos da situação e da intenção que o locutor teve ao proferir o discurso.
Se tomarmos como exemplo o enunciado: “Você sabe que horas são?”. A semântica sozinha não é o bastante para determinar o sentido do dito, pragmaticamente perguntar as horas pode ser uma forma de dizer a alguém que se retire de um determinado local. Conforme Ana C. Ferreira “Sempre que codificamos ou interpretamos uma frase usamos conhecimentos que são facultados pela situação.” Isso inclui o que é dito, a estrutura, o modo como é dito, a intenção, o posicionamentos físico, OS PAPEIS SOCIAIS, as identidades, as atitudes, os comportamentos e crenças dos participantes a relação entre eles, a localização espacial e temporal. A partir do que é dito e seguindo pelos outros itens um únicos enunciado pode ter diversos sentidos.
Voltando a Fairclough (1992), se o discurso é uma prática não apenas de representar o mundo, mas de fazê-lo significar, constituindo e construindo o mundo com base em significados e dá-se em uma relação entre a prática social e a estrutura social, em que a segunda é tanto uma condição para a primeira quanto o efeito dela, podemos dizer que a pragmática e seus diversos estudos são de fundamental importância para a construção e/ou manutenção da identidade social. Tomemos por exemplo a carta a baixo:
E para não adentrarmos muito a esfera do preconceito linguístico, tomemos um exemplo diferente:
Aluno/ Aluna: De um modo geral utilizamos o termo “aluno” para se referir a ambos os sexos, esse é o costume, pois bem, referir-se ao masculino como o genérico é manter simbolicamente o masculino como o melhor representante do gênero humano. O conflito entre homem e mulher é um dos aspectos sociais da estrutura do discurso e são fundamentais aos significados, bem como o regionalismo e o grau de instrução, apontados na carta do teórico Marcos Magno ao editor da revista carta capital.
Bibliografia:
Pragmática da Comunicação – Conceito. Ana C. Ferreira (Resenha online/ conceitos)
Fairclough, N. (2001 [2008]. Discurso e mudança social. Brasília:Ed. UNB - tradução do Discourse and Socieal Change, de 1992.)
No vídeo Trailer do Filmes caminho das nuvens, logo no inicio, o personagem de Wagner Moura, que não sabe ler depara-se com uma placa que diz: “Praça do meio do mundo.” O personagem fica ressabiado quanto a leitura feita pela esposa personagem de Claudia Abreu que embora decodifique a placa não a interpreta, o significado fica no patamar do literal, e os personagens passam a discutir se o local onde eles estão é realmente “o meio do mundo.” O filme conta a historia de um pai de família que atravessa o brasil de bicicleta com seus filhos e esposa em busca de uma emprego de “mil real”, mais um aspecto que remete a um aspecto social da estrutura do discurso, A origem do falante.
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